Voz verbal, em linguística, refere-se à maneira como os principais
atores mencionados em uma oração gramatical
(por exemplo, o agente e o paciente de uma ação)
são enquadrados nas funções gramaticais de sujeito
e outros complementos verbais, em particular do objeto direto.
Na língua portuguesa há duas vozes verbais principais,
voz ativa (por exemplo, "o gato mordeu o rato")
e voz passiva ("o rato foi comido pelo gato")
A diferença principal é que o sujeito da voz passiva
("o rato", no caso) tem o mesmo papel em relação ao verbo principal
que o objeto da voz ativa.
Há algumas variantes dessas duas vozes principais,
como a voz (ativa) reflexiva ("eles se prepararam")
e a voz passiva sintética ("alugam-se barcos").
Há ainda uma outra voz na Língua Portuguesa,
a Voz Reflexiva, na qual o sujeito sofre
e efetua a ação ao mesmo tempo ("o menino cortou-se").
Alternativas similares existem em muitas outras línguas.
Na maioria dos verbos transitivos da língua portuguesa,
o sujeito (na voz ativa) é a entidade que efetua ou desencadeia uma ação,
e o objeto direto é uma entidade que sofre passivamente algum efeito da ação.
Entretanto, há verbos em que o sujeito da voz ativa tem papel conceitualmente passivo,
como por exemplo na fase "ele levou um tiro" ou "ele ignorou o agressor".
A distinção entre voz ativa e passiva não leva em conta o caráter da ação
mas unicamente a forma gramatical da oração; assim,
estas duas frases, em particular, estão na voz ativa.
Na língua portuguesa
Voz ativa
Na voz ativa, o verbo principal determina o
papel do sujeito e dos outros complementos verbais.
Por exemplo, na frase
"o prefeito nomeou José secretário",
o verbo "nomear" determina implicitamente que
o sujeito ("o prefeito") é quem toma a decisão,
o objeto ("José") é a pessoa escolhida,
e o complemento ("secretário") é o cargo preenchido.
Exemplos:
"O repórter leu a notícia."
Sujeito agente: O repórter
Verbo na voz ativa: leu
Voz ativa reflexiva
Um caso particular da voz ativa é a voz reflexiva,
onde o objeto direto é um pronome oblíquo reflexivo
("me", "te", "se", "nos" ou "vos"),
que se refere ao próprio sujeito.
Por exemplo, na oração "eu e José nos preparamos",
o sujeito "eu e José" e o objeto "nos" representam a mesma entidade
(composta de duas pessoas),
que tanto efetua quanto sofre a ação do verbo "preparar".
Mais especificamente, na voz reflexiva recíproca,
o sujeito é composto, e cada um dos seus elementos componentes
aplica a ação descrita pelo verbo nos demais, em vez de em si próprio.
Este é o caso, por exemplo, nas frases
"João e Paulo se abraçaram", e "nós nos veremos na escola".
Uma construção superficialmente similar à voz reflexiva,
mas com sentido bem diferente,
usa como predicado um verbo simples intransitivo na terceira pessoa do singular,
com sujeito oculto, e o pronome oblíquo "se" na função aparente de objeto direto;
por exemplo, na frase "vive-se bem aqui". Neste tipo de oração, a palavra "se"
não tem função reflexiva mas indica na verdade que o sujeito é genérico,
"uma pessoa geralmente vive bem aqui".
e é isto ai uma pessoa geralmente vive bem.
Voz passiva
Na língua portuguesa há duas construções para a voz passiva,
analítica (com verbo auxiliar) e pronominal (com a palavra "se" em função especial).
Na voz passiva analítica,
o predicado é uma locução verbal composta de um verbo auxiliar,
como "ser", e do particípio de um verbo transitivo.
Nesse caso, a entidade que seria o objeto direto deste verbo
na voz ativa passa a ser o sujeito do verbo "ser";
e o sujeito da voz ativa passa a ser um complemento verbal (o agente da passiva),
ligado ao verbo com a preposição "por".
Assim, por exemplo, na frase
"o rato foi mordido pelo gato",
"o rato" é o sujeito,
enquanto que "o gato" é o agente da passiva.
A voz passiva pronominal ou sintética é superficialmente
similar à voz ativa reflexiva, com um predicado formado
por um verbo transitivo na terceira pessoa,
e com um pronome oblíquo reflexivo "se" na aparente função gramatical de objeto.
Porém, nesta voz, o sujeito do verbo é a entidade que seria objeto na voz ativa;
e o pronome oblíquo, em vez de se referir a esse sujeito,
refere-se a uma entidade indeterminada,
que seria o sujeito do verbo na voz ativa.
Por exemplo, a frase
"alugam-se barcos" equivale à voz passiva analítica "barcos são alugados",
e à voz ativa "alguém aluga barcos".
A palavra "se", nesta função, é chamada de "partícula apassivadora"
ou "pronome apassivador".
Uso
A escolha entre voz ativa e passiva é basicamente uma questão de estilo.
A voz ativa é geralmente mais sucinta,
simples, direta, e fácil de entender.
A voz passiva pode ser usada no lugar da ativa para aumentar
a enfase no objeto direto e reduzir a importância do sujeito,
ou suprimí-lo inteiramente.
Compare-se
"A empresa depois colhe, embala e vende as frutas."
"As frutas depois são colhidas, embaladas e vendidas pela empresa."
"As frutas depois são colhidas, embaladas e vendidas."
A alternancia ocasional entre as vozes ativa e passiva
pode ser usada também para quebrar a monotonia do texto.